A 'rainha da selfie' do século XIX

mais uma mulher que você precisa conhecer.

Desde que desenvolvi a comunicação do f/508, abracei a responsabilidade de usar a abrangência dessa ferramenta para trazer visibilidade a artistas e fotógrafas mulheres que por séculos foram forçadas às margens da história da arte.

Diariamente descubro histórias e obras espetaculares que não tiveram o devido protagonismo. Hoje, trago um pouco da trajetória de uma mulher interessantíssima, pioneira na sua relação com a fotografia, a imagem e a moda.

Virginia Oldoini, nascida em Florença em 1837, foi uma figura extraordinária que se destacou em sua época como uma das mulheres mais belas e intrigantes da corte. Sua relação peculiar com a fotografia, me faz arriscar dizer que foi a primeira pessoa a desenvolver a linguagem da fotografia de moda, criando conceitos que utilizamos ainda hoje na produção editorial.

Ela se casou jovem com o Conde Verasis de Castiglione, e foi enviada a Paris em 1856 para pleitear em causa da unificação italiana com Napoleão III.

A beleza arrogante de Virginia a tornou rapidamente uma sensação na corte parisiense e, no mesmo ano, ela passou a ser amante do imperador. Depois de uma separação forçosa e dolorosa em 57, voltou para a Itália, mas só retornou a Paris permanentemente em 1861, após se separar de seu marido (atente-se: em um momento onde o divórcio ainda não existia).

Durante a vida, Virginia teve várias ligações com o universo das finanças, da aristocracia e da política, se tornando muito influente pelos espaços onde flutuava. Mas ficou principalmente conhecida pelas fotografias, imagens que foram desenvolvidas ao longo de uma colaboração que durou quarenta anos com o fotógrafo da Corte Imperial, Pierre-Louis Pierson.

Virginia não atuava como uma modelo passiva, mas escolhia e montava seus trajes, poses e até mesmo o ângulo das fotos. Atuava como uma verdadeira diretora de arte e stylist. Definia o resultado final, que muitas vezes continha narrativas inspiradas em personagens, cenas de teatro ou de ópera contemporânea.

As fotografias de Virginia foram precursoras em seu tempo e anteciparam o trabalho encenado da fotografia editorial e autoral que conhecemos hoje. Ela criou retratos carregados de originalidade e inventividade, que apresentavam atitudes imponentes, graciosas e, às vezes, excêntricas em cenários oníricos e diversos.

Virginia também teve uma predileção por fotografias pintadas inteiramente de acordo com suas instruções detalhadas, fazendo nascer o gênero da foto-pintura.

Hoje, Virginia é lembrada como figura histórica importante, que deixou sua marca na arte e na sociedade de sua época. Seu trabalho influenciou e continua a inspirar artistas e fotógrafos contemporâneos.

A bela e enigmática condessa italiana foi uma figura fascinante e à frente de seu tempo, que segue inspirando admiração e curiosidade.

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Raquel Pellicano

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