💡Quando começamos a nos embrenhar pelo mundo da fotografia jamais pensamos ser possível criar imagens fotográficas sem o aparato básico da câmera, seja ela de celular, analógica ou DSLR. Mas a verdade é que a fotografia é uma linguagem que extrapola bastante o aparato tecnológico, e é possível sim, desenvolver imagens fotográficas de outras maneiras. Refletimos muito sobre isso nos cursos de Pós Graduação em Fotografia como Suporte para a Imaginação e de Fotografia Expandida.
Uma das minhas artistas favoritas é a Katrien de Blauwer, que se auto-intitula uma ‘Fotógrafa sem câmera’. Eu mesma brinquei um pouco com essa ideia na série que produzi com IA, ‘As não-memórias de um não-fotógrafo’, mas o intuito dessa newsletter, hoje, não é discutir os limites da inteligência artificial aplicada às artes, por isso, prefiro não entrar neste mérito (ao menos agora).
De volta para Katrien, toda a sua investigação poética acontece a partir da curadoria de fotos antigas encontradas em brechós, bem como imagens de revistas e jornais velhos. Através da junção de duas imagens que não pertenciam ao mesmo universo visual e estético, a artista cria uma terceira narrativa completamente nova e anônima. Com essas imagens ela conta histórias do seu íntimo, um documental totalmente imaginado, uma autoficção. Como as imagens são feitas a partir de outras já pré-existentes, permeia a sensação de que as histórias pertencem um pouco ao imaginário coletivo de todos nós.
Segundo a informação em seu próprio site: “A artista torna-se um intermediário neutro: sem ser a autora das fotografias, apropria-se delas e integra-as no seu próprio mundo interior, um mundo que vai revelando em terceira pessoa.”
Rosângela Rennó é outra fotógrafa sem câmera, desta vez brasileira, que se apropria de imagens encontradas de situações e rituais coletivos comuns (como o casamento, por exemplo), para o desenvolvimento de séries fotográficas. Mas Rennó merece uma newsletter só sua, porque sua obra proporciona uma sorte de muitas outras reflexões.
Nas maneiras mais clássicas de se criar uma imagem fotográfica sem uma câmera, está situada a fotografia pinhole, onde qualquer tipo de caixa pode ser usada como um aparato fotográfico: caixinhas de fósforo, latas de leite em pó, ou, acreditem ou não, sua própria boca.
A pinhole nasce a partir das técnicas mais antigas para captura de imagens. O primeiro vislumbre de algo próximo à fotografia aconteceu com o desenvolvimento da câmara escura, um processo que carrega em si um tanto de física transposta em mágica, e que projeta, a partir de um pequeniníssimo furo em uma caixa totalmente vedada, a imagem exterior em sua parede interna. O trabalho da fotografia se diferencia ao conseguir, finalmente, se fixar a imagem projetada, a partir do mesmo princípio, em uma superfície fotossensível.
💡Longe de mim querer falar sobre técnica por aqui, me perdoem os amantes da física, mas é interessante perceber como os estudos da história da fotografia e da formação da imagem também podem lhe fornecer insumos para o desenvolvimento de poéticas que vão de encontro com noções imagéticas contemporâneas.
O artista e fotógrafo Abelardo Morell faz isso lindamente, no desenvolvimento de imagens delicadas e surreais a partir do princípio básico da câmara escura.
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Raquel Pellicano
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